BAND FM CAMPOS

Ciência inocenta mãe que passou 20 anos na cadeia, acusada de matar seus quatro filhos

Essa mulher é Kathleen Folbigg. Sua história de é como um enredo de filme, marcada por uma sucessão de tragédias ao longo de sua vida

Por Redação

Imagem: Lawyers Weekly

Uma mãe que passou duas décadas na prisão, acusada de matar seus quatro filhos, foi finalmente inocentada na Austrália.

Graças a avanços científicos, pesquisadores conseguiram provar que a causa das mortes foi uma série de mutações genéticas raras.

Essa mulher é Kathleen Folbigg. Sua história de é como um enredo de filme, marcada por uma sucessão de tragédias ao longo de sua vida.

História de Kathlenn

Quando tinha apenas 18 meses de idade, sua mãe foi brutalmente assassinada pelo marido, deixando Kathleen órfã. A partir daí, sua vida se tornou uma montanha-russa de experiências dolorosas. Ela passou períodos alternando entre instituições de assistência a menores e famílias adotivas, em busca de estabilidade e amor.

Aos 20 anos, Kathleen se casou em 1987 e deu à luz seu primeiro filho, Caleb, em 1989. No entanto, o que seria uma nova esperança para sua vida, se tornou um pesadelo com o falecimento de seu primogênito.

Um ano depois, a tragédia voltou a assombrá-la quando seu segundo filho, Patrick, faleceu aos oito meses de idade.

Em 1992, Kathleen enfrentou uma terceira gravidez. Mais uma vez, a crueldade do destino a atingiu, resultando na morte de sua filha, Sarah, com apenas dez meses de vida.

O peso dessas perdas insuportáveis não diminuiu, e em 1997, quando Kathleen deu à luz sua quarta filha, Laura, a alegria e o amor maternos foram novamente ofuscados pela tragédia. Laura partiu deste mundo com apenas um ano e meio de idade.

Condenação

As três primeiras mortes dos filhos de Kathleen foram inicialmente atribuídas à síndrome da morte súbita infantil, uma explicação trágica e angustiante. No entanto, foi a quarta morte que despertou suspeitas e lançou luz sobre uma história repleta de mistérios. O médico forense responsável por analisar o caso marcou a causa como “indeterminada”, levantando dúvidas sobre as circunstâncias das tragédias que assolaram a família.

A situação se desdobrou nos tribunais, onde promotores argumentaram que era extremamente improvável que quatro bebês de uma mesma família morressem de causas naturais tão prematuramente e ao longo de um período de tempo prolongado. Essas alegações lançaram dúvidas sobre a mãe, Kathleen, pois ela era a única presente em casa durante as fatalidades de seus filhos.

Um elemento adicional perturbador foi revelado quando o então marido de Kathleen, Craig Folbigg, entregou diários da esposa à polícia. Esses diários continham anotações que levantaram suspeitas sobre a conduta de Kathleen. Uma passagem em particular dizia: “Com a Sarah, tudo o que eu queria era calar sua boca. E um dia ela se calou”. Essas palavras levantaram interrogativas sobre a relação entre Kathleen e suas crianças, acrescentando mais complexidade e intriga a essa trágica narrativa.

Absolvida

Essa sequência de eventos trágicos moldou a vida de Kathleen de maneira indescritível. No entanto, a sua jornada ainda reservava uma reviravolta surpreendente, com a descoberta de uma verdade que a libertaria da acusação de ter causado a morte de seus filhos. Uma história de dor, luta e resiliência que desafia as convenções e nos faz refletir sobre o poder da verdade e da ciência.

A partir do sangue retirado no teste do pezinho, Carola descobriu que as duas filhas de Kathleen – Sarah e Laura – carregavam uma variante até então desconhecida do gene calm2.

Esse gene regula uma proteína chamada calmodulina, que tem um papel importante pros níveis de sódio, potássio e cálcio – que ajudam a manter uma função cardíaca saudável. As variações dessa proteína podem causar arritmia cardíaca e morte súbita.

Carola ainda descobriu que uma variante semelhante tinha sido encontrada no mês anterior numa família de uma cidade da Europa. Um menino de 4 anos morreu repentinamente e a irmã de 5 sofreu uma parada cardíaca. Esse caso foi usado pela defesa de Kathleen.

Os cientistas descobriram ainda que os filhos Caleb e Patrick tinham variantes raras de outro gene, o BSN– associado a casos de epilepsia.

Vinte e sete pesquisadores publicaram as evidências num artigo que apresentava os resultados de todo o sequenciamento do genoma de Kathleen e das crianças.

As descobertas convenceram 150 dos principais cientistas do mundo, incluindo dois vencedores do Prêmio Nobel, que assinaram uma petição pra que o caso fosse reavaliado.

A justiça acabou decidindo que existem “dúvidas razoáveis” sobre a culpa de Kathleen e que as crianças podem, sim, ter morrido de causas naturais.

Kathleen foi solta no início de junho.

*Com informações de Fantástico

Compartilhar:

RELACIONADAS

NOTÍCIAS