Presos médico e advogado envolvidos na emissão de falsos laudos para cultivo de maconha no Rio

Grupo cobrava até R$ 50 mil dos compradores. Um biólogo também foi detido na operação Seeds, realizada pela 14ª DP (Leblon)

Por Otávio Fonseca

Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Quatro pessoas envolvidas num esquema para emissão de falsos laudos para cultivo de maconha foram presas na manhã desta terça-feira. A Operação Seeds é deflagrada pela 14ª DP (Leblon). O advogado Patrick Rosa Barreto, o biólogo André Vicente Souza de Freitas e o médico Adolfo Antônio Pires foram detidos. Pérola Katarine de Castro, esposa de Adolfo e responsável pela parte financeira, também foi presa. Segundo as investigações, a quadrilha produzia pareceres indicando que “pacientes” precisariam desse uso medicinal da planta, mas o objetivo era vender a droga para lucrar — e não havia qualquer enfermidade nos “clientes”.

Segundo a investigação, a quadrilha oferecia um pacote para a plantação de skunk, que tem efeito mais potente que a maconha tradicional, conforme aponta o g1. Entre os serviços oferecidos pelo grupo, estão a emissão de laudo e entrada com habeas corpus, além da estrutura para plantar as mudas. Para isso, eram cobrados de R$ 3 mil a R$ 50 mil dos compradores.

Pela Lei Antidrogas, é proibido plantar maconha em casa, mas se pode conseguir judicialmente autorização para produção e consumo de cannabis para fins terapêuticos. Segundo o g1, nenhum dos casos investigados se relacionava a enfermidades que indicassem o uso.

Todos os envolvidos no esquema responderão por extorsão, associação ao tráfico de drogas e falsidade ideológica.

Uso no tratamento de esquizofrenia e contra efeitos da quimioterapia

A maconha medicinal vem sendo usada como aliada no tratamento de doenças e condições que vão da esquizofrenia à insônia, passando pela dor crônica e pela náusea provocada pela quimioterapia. Seu mercado global já vale US$ 16,5 bilhões, segundo cálculo da Market Data Forecast, que prevê um crescimento de 23% ao ano até 2027, atingindo mais de US$ 46 bilhões.

Segundo a coluna Capital, um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann) realizado com dados da auditora IQVIA calcula que a venda de cannabis medicinal em farmácias brasileira quadruplicou no ano passado, para 155,8 mil unidades. A Ease Labs, por sua vez, cita projeção da Kaya Mind segundo a qual o setor deve movimentar R$ 655 milhões este ano.

Fonte: Extra

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