Documentário Cores Pretas será atração no Cine Darcy na segunda-feira (4)

A obra é dirigida pela jornalista campista Stella Tó

Por Lyandra Alves

O Cine Darcy exibirá nesta segunda-feira (4) o documentário Cores Pretas. Patrimônio Cultural de Campos dos Goytacazes. A obra é dirigida pela jornalista campista Stella Tó, membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).

“O Cores Pretas foi contemplado na Lei Aldir Blanc e se tornou patrimônio cultural temporário de Campos. Ou seja, ele está cedido à Prefeitura e à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima. Por isso, atualmente é patrimônio cultural da cidade de Campos”, explica Stella Tó.

O filme faz uma costura entre a vida de cinco mulheres negras, que narram suas vivências de enfrentamento ao racismo, e ainda assim, vislumbram possibilidades de construir caminhos frutíferos para as próximas gerações. O cinema universitário da Uenf tem como proposta central a valorização do cinema nacional independente, sempre promovendo a reflexão e o debate de pautas importantes na sociedade

“As mulheres negras não estão na sociedade como as outras pessoas. Nós vivenciamos atravessamentos muito profundos resultantes do racismo estrutural cotidiano. Refletir sobre essas narrativas traz luz a uma discussão necessária que precisamos fazer a todo instante. Não é sobre ser vítima, é sobre olhar para nossas feridas sociais, convocar os aliados, arregaçar as mangas e tomar atitudes contundentes para superarmos esse grande engodo social. Para mim, a arte ocupa este lugar de profunda transformação”, destaca Stella.

Jornalista, multiartista e empreendedora, Stella Tó é do quilombo urbano Custodópolis. Tem 34 anos, é graduada em Comunicação Social e já trabalhou em veículos como G1, Band FM, Mídia Ninja e Facebook Brasil. Em 2018 lançou seu primeiro documentário, o Cores Pretas, selecionado na 3ª Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, de Salvador (BA). Atualmente trabalha como analista de comunicação da República.org, uma ONG que atua para reduzir as desigualdades do Brasil, e é membro do Neabi da Uenf.

“Minha entrada no Neabi está diretamente ligada ao Cores Pretas. Ingressei no Núcleo em 2019, a convite de um membro que assistiu ao documentário. Desde então, atuo nas ações internas e externas. Fiz parte do grupo de trabalho (GT) que arrecadou alimentos para a campanha contra fome durante o pico da Covid-19. Exibi o documentário durante as comemorações de aniversário de 2019, na escola José do Patrocínio, onde pude promover uma roda de conversa com os alunos. Entre outras ações, também fiz parte do GT pensante para a criação da banca de heteroidentificação, implementada este ano na Uenf”, conta a diretora de Cores Pretas.

Mulher negra no centro do debate

Segundo dados da República.org., o Brasil é composto por 51,1% de mulheres, sendo 44% mulheres autodeclaradas pretas e pardas. No entanto, ao compararmos cargos de liderança na administração pública, por exemplo, as mulheres negras ocupam menos de 12% dos cargos de gestão na esfera federal.

Mesmo ocupando esses lugares de liderança, a estrutura do racismo atravessa a trajetória dessas mulheres. Seja por microviolências diárias, seja por salários menores, seja por macroviolências quando estão fora de seus lugares de poder.

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Fonte: Ascom

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