Indicação de Flávio Dino sinaliza um reposicionamento estratégico da Esquerda brasileira no Supremo

Por Redação

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A indicação de Flávio Dino, pelo Presidente Lula, sinaliza para um reposicionamento estratégico da Esquerda brasileira no Supremo.

Desde o Impeachment da Presidenta Dilma, a atuação de integrantes do STF vinculados a pautas históricas da Esquerda; ou, ainda, às ditas “causas progressistas” perdeu espaço na Corte.

De 1988, para cá, o Ministro Gilmar Mendes foi o integrante autodeclarado com maior fidelidade ao programa da legenda partidária que o projetou ao Supremo (no caso, o PSDB, de FHC). Desde o primeiro Governo Lula, o único Ministro indicado pelo PT que cumpriu, por 17 anos, perfil similar, foi Ricardo Lewandowski (novamente cotado, inclusive, para ser Ministro — agora, na Pasta da Justiça).

O surgimento do nome de Dino, além de resgatar uma indicação mais comprometida com o espectro de pautas da Esquerda tradicional (o PDT), tem componentes interessantes: a) trata-se do 4º MJ que se torna “supremável” nos últimos Anos (a única exceção foi a de Sérgio Moro); b) cuida-se do retorno de um indicado proveniente do Nordeste (o último havia sido Ayres Britto); e c) Flávio reúne, em si, características fortes que, em geral, são utilizadas isoladamente para credenciar a candidatura ao STF (Juiz Federal de carreira; atuação destacada perante o MJ; e vida política independente, com mandatos no Executivo Estadual e no Senado da República). Dino tem um perfil de Ministro “Estadista”. Sua eventual sabatina favorável e posse há de reconfigurar as relações de poder na Corte.

Por Daniel Vila-Nova

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo

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