A Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) iniciou, nessa quarta-feira (13), a distribuição dos absorventes higiênicos nas escolas da rede municipal de ensino, dentro do Programa Dignidade Menstrual, visando diminuir a evasão escolar. Estudantes do Ciep Professora Carmem Sylvia Carneiro, no Parque Eldorado, e do Ciep Wilson Batista, no Parque Guarus, foram as primeiras contempladas, após a fase de testes.
A entrega foi feita pelas assessoras da Seduct, Gisele Claudino e Catia Melo, representando o secretário de Educação, Marcelo Feres; equipe técnica do Programa Saúde na Escola (PSE); e pelas representantes da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP/RJ) Aline Camilo, coordenadora das Unidades Prisionais Femininas e LGBTQIA, e Dione Paula Vicente Santos Medeiros, diretora do presídio Nilza Silva dos Santos.
Segundo Catia, o cadastramento das estudantes aconteceu durante o mês de novembro e 765 alunas de 41 unidades fizeram a inscrição para o recebimento do produto. “Esse é um momento de grande emoção. Muitas alunas no período menstrual não têm dinheiro para comprar absorvente e acabam faltando às aulas. Saúde e Educação andam juntas nesta gestão do secretário Marcelo Feres e do prefeito Wladimir Garotinho. As mulheres privadas de liberdade fizeram esses absorventes com muito carinho. A partir de agora, todo mês, vocês vão receber um pacote feito pelas mãos delas, proporcionando mais conforto e dignidade para vocês”, explicou Catia.
Aline Camilo destacou a importância do programa para as apenadas. “Muito mais que absorvente, aqui nesse pacote tem história, cuidado e ressocialização de pessoas que cometeram erros e, por isso, estão privadas de liberdade, mas resolveram mudar suas vidas e estão tendo oportunidade de recomeçar. Esse projeto em muito contribuirá com o conforto de vocês e também vai contribuir para a ressocialização delas, que colocaram todo carinho dentro desse pacotinho, garantindo mais praticidade e saúde para vocês. Estamos muito felizes com esse momento”, disse.
Para a diretora do presídio, não é um simples absorvente. “Tem mudança de vida, carinho e muita história nesse produto. As apenadas se emocionaram ao saber que estão contribuindo para a vida de vocês e por saberem que, apesar de estarem presas, elas ainda são úteis para a sociedade. Lembrem-se disso! Assim como vocês, elas estão recebendo mais dignidade”, comentou Dione.
A gestora do Ciep Carmem Carneiro, Juliana Gomes, afirmou que as próprias alunas fizeram a inscrição no site. “Mas também tivemos casos de pobreza menstrual identificados na Ficha de Comunicação do Aluno Infrequente (Ficai), que apontava que aquelas alunas faltavam às aulas no período menstrual por falta do absorvente. Nesses casos, a própria escola realizou a inscrição automaticamente, por meio da busca ativa. Estamos muito felizes de participar desse momento. A menstruação é algo biológico, mas algo tão simples e natural, muitas vezes, acaba sendo empecilho para muitas meninas, e a gente não quer que isso se torne um problema para vocês”, declarou.
Camila Azeredo, mãe de Beatriz e Leandra, de 11 e 12 anos, aprovou a medida. “Vai trazer muita economia na minha casa, pois lá são três mulheres usando todo mês, contando comigo. Então, só temos a agradecer”, disse.
Cristiane dos Santos participou da entrega com a filha Camila Vitória e a sobrinha Jhennifer dos Santos. “É um alívio saber que todo mês vamos poder contar com isso. Que Deus abençoe o secretário e o prefeito”, disse.
FÁBRICA — O programa é desenvolvido em parceria com a Unidade Prisional Feminina Nilza da Silva Santos. Os absorventes são produzidos pelas apenadas, que utilizam uma máquina profissional adquirida pela Prefeitura de Campos. A fábrica funciona dentro da própria unidade prisional e é a primeira em todo o estado do Rio de Janeiro funcionando em um presídio. A expectativa é produzir cerca de 70 mil absorventes/mês, beneficiando aproximadamente 10 mil alunas.