Setembro Verde: doação de órgãos é destaque no Hospital Ferreira Machado

A campanha tem como objetivo incentivar e informar a população sobre a importância da doação, que pode salvar inúmeras vidas

Por Rodolfo Augusto

Foto: Divulgação

O mês de setembro é marcado pela conscientização em torno da doação de órgãos no Brasil, com o “Setembro Verde”, culminando no Dia Nacional do Doador de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro. A campanha tem como objetivo incentivar e informar a população sobre a importância da doação, que pode salvar inúmeras vidas. No Hospital Ferreira Machado (HFM), o programa NF Transplantes já realizou 12 captações de órgãos apenas em 2024. As captações incluem córneas, rins, fígados e até coração, órgãos vitais que trazem esperança a quem está na lista de espera por um transplante.


O programa NF Transplantes, idealizado pelo médico Luiz Eduardo Castro de Oliveira, é uma unidade de extrema importância para a captação de órgãos, funcionando dentro do HFM, o maior hospital público da região. A unidade está diretamente envolvida na gestão dos processos que envolvem a doação, desde a abertura do protocolo médico para constatar a morte encefálica, até o acolhimento das famílias que precisam decidir sobre a doação dos órgãos de seus entes queridos.


No Brasil, a legislação que regula a doação de órgãos passou por atualizações ao longo dos anos. Embora a Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, ainda sirva de base para a retirada de órgãos e tecidos após a confirmação de morte encefálica e com a autorização dos familiares, atualmente é seguida a Resolução do CFM 2.173/2017. Essa resolução revisa e atualiza aspectos da legislação original, trazendo uma abordagem mais moderna e abrangente sobre os critérios de morte encefálica e os procedimentos relacionados à doação. O objetivo é garantir que todo o processo seja conduzido com transparência, segurança e respeito às famílias envolvidas.


A médica Patrícia Rangel, responsável pela Comissão de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do HFM, enfatiza o valor do diálogo familiar. “Quando nos deparamos com a notícia da morte encefálica de um familiar que nos é importante, nossos sonhos podem desmoronar. Mas, quando diante dessa dor, decidimos demonstrar gentileza e empatia, vivenciamos uma das mais belas experiências: doar os órgãos de alguém querido, permitindo que outros tenham a vida ou uma vida melhor. Converse com sua família sobre a doação de órgãos. Seja um doador! Doe órgãos, doe vida!”, destacou, enfatizando também a importância de estar alinhado às normativas atuais. “A Resolução CFM 2.173/2017 revisa e aprimora as diretrizes anteriores, garantindo que todo o processo seja realizado de forma clara e ética”, finalizou a médica.

Doação de órgãos: um ato de amor


Quando um paciente sofre morte encefálica, seus órgãos vitais ainda podem estar aptos para doação. A decisão de doar, no entanto, cabe exclusivamente à família. O “Setembro Verde” é uma oportunidade para promover a importância do diálogo sobre o tema dentro de casa, permitindo que mais vidas sejam salvas.


Hyago Ribeiro, que tomou a decisão de doar os órgãos do irmão em 2022, relata que, apesar de ser um momento de profunda dor, a escolha pela doação foi um gesto de coragem e solidariedade. “A decisão não é fácil, é um gesto de coragem. Saber que meu irmão continua vivo em alguém traz um significado especial à nossa perda. Ele sempre foi alguém que pensava no próximo e, por isso, quando soubemos da possibilidade de doação, não havia outra escolha. Era uma forma de continuar seu legado. Minha mãe sempre dizia que era um desejo dele, então, a decisão foi, acima de tudo, respeitar o que ele queria”, comentou.


Sobre a sensação de saber que a doação de órgãos de seu irmão poderia salvar outras vidas, Hyago reflete. “É confortante pensar que, mesmo diante de tanta dor, outras pessoas voltaram a sorrir. Tenho certeza de que meu irmão deixou rastros, especialmente na vida daqueles que foram salvos por ele”, disse.


A doação de órgãos em Campos tem avançado ao longo dos últimos anos. No NF Transplantes, o número de autorizações familiares tem crescido, assim como a eficiência nas captações. Em 2022, foram realizadas 13 captações, resultando na captação de córneas, rins, fígados, além de tendões e pele. Já em 2023, ao todo, foram 12 captações incluindo córneas, fígados, rins e corações.
Em 2024, apesar de os dados ainda serem preliminares, o NF Transplantes já registra 16 autorizações, com 12 captações realizadas até agora, destacando-se na eficiência da captação de órgãos. Esse crescimento é atribuído ao fortalecimento das equipes médicas e à maior conscientização da população sobre a importância desse gesto.
“Doar órgãos é um ato que transcende a perda e o luto, transformando-se em um gesto de amor que dá esperança a outras famílias. O NF Transplantes desempenha um papel crucial, pois eles trabalham de forma humanizada, acolhendo e informando as famílias, para que elas possam tomar essa decisão de maneira consciente e tranquila. Cada órgão doado representa uma nova chance de vida para alguém”, afirma o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Arthur Borges.

Fonte: PMCG

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