Vício em cigarros eletrônicos cresce entre os mais jovens: ´´Não conseguia ficar 30 minutos sem´´

Conhecidos como 'vapes', os itens são proibidos no Brasil e trazem graves riscos à saúde — até maiores que o cigarro convencional

Por Rodolfo Augusto

Reprodução/Jornal da Band

Cada vez mais popular entre os adolescentes e jovens, os cigarros eletrônicos, conhecidos como ‘vapes’, podem até parecer inofensivos, mas se tornaram um problema de saúde pública na faixa etária. 

Mais aceito que o cigarro convencional, muitos jovens decidiram fumar os cigarros eletrônicos sem entender os danos graves que o uso pode causar. “Pode ser até catastrófico, não lembro de ver jovens usando algo por pouco tempo causando danos tão graves como o que presencio”, afirma o oncologista Fernando Maluf.

Especialistas em saúde pulmonar notam que os relatos sobre doenças graves em jovens estão cada vez mais frequentes. “São jovens com colapso pulmonar, pneumonias graves, pneumonia, infarto, infarto em pessoas usuárias de eletrônico com menos de 30 anos, então cada vez mais se colecionam casos de doenças graves e usuários com pouco tempo de uso e jovens”, conta a pesquisadora Deborah Malta, da UFMG. 

Foi o que aconteceu com a Paula Gomes, que tem 19 anos. Desde os 16 ela é usuária de cigarro eletrônico e hoje tenta sair do vício. “Eu não conseguia mais ficar 30 minutos sem. Eu levava em todos os lugares, eu levava em restaurantes, eu levava na faculdade, eu fumava no banheiro escondido, eu fumava em todo lugar que eu podia fumar, escondido das pessoas”, afirma. 

Na primeira tentativa de parar com o cigarro eletrônico, o vício mostrou a força. “Eu juntei todos, joguei na água e falei ‘não vou mais usar’. Só que nessa tentativa de parar de uma vez, eu tive uma crise de abstinência muito forte, fiquei 3 dias tendo náusea, tontura, dor de cabeça”, conta. 

Deborah, que pesquisa sobre o assunto na UFMG, indica que os ‘vapes’ são uma ameaça maior que o cigarro comum atualmente. “Ele atrai os jovens, adolescentes e, além disso, têm sido bombardeados pelas redes sociais com falsas mensagens, dizendo que é inofensivo, que tem sabor, que não vicia”, diz. 

Atualmente, Paula compartilha nas redes sociais a luta para se livrar do vício. “Nesse momento eu tento parar, estou diminuindo a quantidade”, relata. Realidade bem diferente do apelo sedutor da fumaça perfumada que sai dos aparelhos. 

“Tanto que hoje em dia assim para eu voltar para o exercício físico está sendo super difícil, às vezes dou uma caminhada, eu já me sinto super ofegante, eu já fico muito mal”, conta Paula. 

A imagem divertida e o sabor do cigarro eletrônico pode enganar os consumidores. “Para o usuário é aparentemente algo mais saudável. Ou algo menos ruim, ou que envolve menos risco. A pessoa tá inalando aerossol, e carregando milhares de substâncias que literalmente estão fazendo um dano muitas vezes irreversível ao organismo”, afirma o oncologista Fernando Maluf. 

Fonte: Band Jornalismo

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