A economia do Rio passou por mudanças em 2024 com o norte fluminense produzindo álcool e fortalecendo o agronegócio

Entrevista com Paulo Massa do Grupo MPE

Por Daniel Carlos

Foto: Reprodução

A série especial de entrevistas do Perspectivas 2025 inicia o noticiário de hoje (14)  trazendo um exemplo interessante de como uma empresa de engenharia, transbordou seus conceitos, tecnologias e experiências,  para tornar outras empresas do mesmo grupo, mas do segmento agropecuário também ser vitorioso. Estamos falando da experiência do Grupo MPE, um dos mais importantes do Brasil, que expandiu sua estratégia para a criação de camarões, tilápias, gado de corte, açúcar e álcool. A MPE Participações em Agronegócios absorveu esta  experiência também  na produção de soja, algodão e engenharia pecuária do Mato Grosso, para as fazendas no noroeste do Rio de Janeiro, usando novas tecnologias para o plantio, colheita e processamento da cana, produzindo açúcar e álcool em duas grandes usinas no norte fluminense, na cidade de Campos dos Goitacazes. A genética usada na plantação de frutas, como manga, goiaba e côco, é realçada pela precocidade da produção. E agora expandindo para bebidas finas, como a Cachaça premiada Sete Capitães e vinhos especiais produzidos numa vinícola construída no alto da Serra de São Fidélis, onde o vinhedo é formado por uvas Cabernet Sauvignon, Shirah e Sauvingon Blanc.

Quem acompanhou o progresso do Grupo MPE, que nasceu pela vontade de dois engenheiros, Mário Aurélio da Cunha Pinto e Renato Abreu, pode assistir a um dos mais  importantes cases de empreendedorismo no país. Fundado em 1987, o Grupo MPE expandiu e passou por todas as crises que o Brasil sofreu e seguiu sendo uma companhia de ponta, tendo a sua área de engenharia muito aguçada e um agronegócio reconhecido como de ponta. Para lembrar, até 2010, o grupo era comandado principalmente pelos seus dois mais importantes fundadores, quando Mario Aurélio morreu. A partir daí, até o final de 2023, quando Renato Abreu, também nos deixou. 

Mas Renato teve tempo e visão de passar um pouco de seu conhecimento e o seu bastão para os principais executivos do conglomerado. Hoje a sua filha Cristiane Abreu  e o genro Paulo Massa, estão à frente dos negócios, em um ano de reorganização e adequação das atividades. O casal também assumiu o seu legado deixado na Irmandade Imperial do Outeiro da Glória, onde assumiram a responsabilidade de serem provedores. Com 51 anos, Paulo Massa tornou-se o provedor mais novo na História da Irmandade. Ele assumiu a função no final do mês de dezembro na Missa de Domingo Rezada pelo Monsenhor Sérgio Costa. Massa também é o engenheiro responsável pela construção da Catedral de Niterói, desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer.  Com todas estas responsabilidades, Paulo Massa acredita que tudo se encaixará ao sem tempo. Os negócios do conglomerado segue fluindo também com a participação dos outros executivos do grupo. O Petronotícias aproveitou um espaço desse início de ano para conversar com Paulo Massa para que ele mostrasse um Raio X das atividades do grupo e as suas perspectivas para o ano que vem.

– Como foi o ano de 2024 para o grupo?

– Olha, não foi muito fácil. A perda repentina no Renato no fim de 2023, apesar dele ter feito o processo de passar o bastão para os executivos da companhia, foi impactante para todos nós. Para Lourdinha, sua esposa, seus irmãos, para minha esposa, Cristiane, filha dele, para mim, enfim. Para toda família e os todos amigos. Quem o conheceu de perto, sabe como o Renato era incansável, uma visão de futuro extraordinária, não conseguia parar. O seu foco era a família reunidas. E não só a dele, a de todos que os rodeava. Basta lembrar que era uma exigência dele, as reuniões semestrais de todo grupo. Os homens levavam as esposas. As mulheres, os maridos. Um grupo integrado. Sempre reuniões especiais.

Como era querido, respeitado e admirado dentro do grupo, com uma liderança absolutamente peculiar, a sua ausência provocou um vácuo natural. Sabíamos disso. De qualquer forma, viver isso, não está sendo muito fácil.   Um ano completo de reestruturação, conhecimento e aprendizado para toda liderança do grupo.

Em função disso, assim como quase todas as empresas de engenharia brasileiras, tivemos nossas dificuldades de um lado e um saldo bem positivo de outro, com expansão nos negócios de energia e transporte. No campo agrícola nos desenvolvemos de modo positivo, produzindo álcool e açúcar no Rio de Janeiro e também em outras frentes do setor alimentício, como as produções de Tilápias e Camarões em nossas fazendas na Bahia.

Queremos desenvolver a região norte e noroeste do Rio com a atividade agropecuária, trazendo o conhecimento de novas tecnologias e os recursos da Inteligência Artificial usada no campo.   

O agronegócio é uma atividade que sustenta o Brasil há muitos anos. Hoje, o nosso país é o maior exportador de soja e seus derivados, suco de laranja, café, carne bovina e frango. Sem dúvida, o Brasil é o grande alimentador do planeta, produzindo alimentos para 25% da população mundial. Ainda temos potencial para alcançar patamares maiores, principalmente em grãos. 

Os nossos investimentos fizeram ressurgir a indústria sucroalcooleira no estado do Rio de Janeiro. Nós estamos produzindo açúcar e álcool através de uma parceria com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro). 

– Além dessas atividades, a MPE Agro também entrou na produção de vinhos. Poderia falar mais a respeito?

– A produção de vinho é uma atividade  que o Renato sempre deslumbrou. Era uma paixão. Como ele dizia, uma espécie,  uma mistura de hobby e prazer. A nossa vinícola teve a primeira safra em 2022 e conseguimos produzir um vinho de alta qualidade. Os vinhedos plantados nas serras de São Fidélis (RJ), em uma altitude variando de 800 a 1.600 metros, já estão produzindo uvas Cabernet Sauvignon, Shirah e Sauvingon Blanc. 

É uma indústria bem moderna, numa antiga região de plantação de café, entre Campos e São Fidélis, num local chamado Bela Joana. Estamos procurando seguir o desejo dele de desenvolver um complexo de sabores. Além do vinho,  pretendemos plantar café e oliva e criar uma queijaria de médio porte, comprando o leite  na própria região para beneficiamento em nossa queijaria.

– Vocês pensam em expandir também em outros setores agrícolas?

– Os números não mentem. O agronegócio é o positivo de nossa balança comercial. O Brasil alimenta o mundo. E  vai continuar sendo o carro-chefe do país. Cada vez mais, o mundo vai depender da produção agrícola brasileira. Nós podemos mais que dobrar a produção do país, sem que seja derrubada uma única árvore. Para isso, basta apenas recuperar terras degradadas, assim como estamos fazendo com as uvas em São Fidélis. 

O agro demanda muita tecnologia. Os produtores brasileiros entenderam isso, por isso esse sucesso. Não tem volta. Tudo é monitorado via satélite monitorados por satélite. A quantidade de adubo é calculada à medida que o solo é analisado automaticamente. Estamos falando de uma atividade altamente tecnológica.

O agro também é um aliado do clima. Plantações de soja, cana e milho, por exemplo, fixam carbono no solo. O agronegócio brasileiro é uma fonte de captação de carbono. Falando especificamente da cana-de-açúcar, ela sequestra carbono durante seu crescimento. Após a sua colheita, é possível fabricar biocombustível (etanol). Enquanto isso, o bagaço da cana serve para cogeração de energia. Muitos produtores rurais já têm um ciclo fechado e são autossuficientes em produção de energia.

– E para o ano que vem, quais são as perspectivas?

– O mundo continuará precisando de alimentos. Isto é um indicativo claro que não devemos tirar a nossa atenção para a produção agrícola. A economia neste final de ano anda nervosa. Há muitos desencontros e imprevisibilidade. E isto é tudo que o empresário não quer. Precisamos de certeza para investirmos. Acredito que por este movimento haverá uma certa instabilidade nos primeiros meses, mas já estamos atentos aos movimentos. Cautela, diria o meu pai. Cautela. Vamos esperar passar o barata voa e observar o que precisamos fazer. De um modo geral, pela estrutura que ainda estamos montando nesses ano de um redesenho, há boas possibilidades para sermos otimistas, como o Renato sempre pregava. Sem otimismo, já é a derrota. E nós nascemos para sermos vencedores.

Fonte: Petronotícias

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