A Educação de Jovens e Adultos integrada à Educação Profissional e Tecnológica (EJA-EPT) é um importante mecanismo para garantir que pessoas que não puderam frequentar a escola em ciclos regulares possam retornar à sala de aula para se qualificarem e terem uma chance de melhorar suas condições de vida e de trabalho.
Seja por meio dos Cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), voltados ao nível fundamental, ou dos Cursos Técnicos de nível médio, a EJA-EPT tem o potencial de reduzir as desigualdades brasileiras no acesso à escolaridade e à qualificação profissional.
Recentemente, com o lançamento do Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), a EJA-EPT ganhou reforço visando garantir e ampliar, principalmente, o atendimento a milhares de pessoas.
E é por isso que veremos e ouviremos em 2025 falar e fazer muito sobre ela.
Com servidores empenhados e defensores desta modalidade de educação, o IFF subiu neste trem e garantiu assento. O projeto institucional “EJA integrada à EPT”, ligado à Pró-reitoria de Ensino, foi submetido ao edital da Secadi e aprovado. Ele prevê a oferta de 2.100 vagas em cursos FIC para 2025 e 1º semestre de 2026, por meio de parceria do Instituto com as prefeituras da região.
“A pauta do governo federal visa fortalecer e investir nas ofertas de cursos de Qualificação Profissional para o público-alvo da EJA-EPT. É uma agenda primordial. Primeiro, para garantir a inclusão social; e, segundo, para fomentar as matrículas da EJA para cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação”, explica Saionara Rosa, coordenadora pedagógica do Projeto EJA Integrada à EPT do IFF.
Saionara conta que as atividades administrativas e pedagógicas do projeto começaram em setembro de 2023, e destaca como diferencial quatro ações mobilizadoras:
-Formação continuada de servidores com oferta de 300 vagas em curso na modalidade a distância. Já houve uma turma com oferta em 2024 e, agora em 2025, a ação será replicada com ampliação de mais 200 vagas;
-Replanejamento do número de vagas previsto para estudantes de 1870 com estimativa de ampliação para 2100 vagas;
-Mobilização junto às redes municipais de educação das regiões atendidas pelo IFF estreitando os laços e firmando as parcerias;
-Monitoramento da permanência dos estudantes matriculados e a realização de pesquisa em busca de inovação nas metodologias e nas políticas educacionais
Saionara trabalha há anos com a EJA. Primeiro, como servidora municipal da prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana; depois, em 2008, ao ingressar no IFF como pedagoga, sempre defendeu e discutiu sobre a temática em todo o seu percurso profissional dentro da instituição, inclusive está na fase final para defesa do seu doutorado, onde o tema de sua tese é voltado para o público da EJA-EPT.
“É algo que me incomoda: os números – evasão muito alta, baixa frequência, a organização curricular, entre outros pontos. Eu acho que a gente consegue fazer muito melhor se “todos” da instituição abraçarem essa causa”, diz.
Ela acredita que o projeto trará importantes resultados para o IFF. “Estou muito confiante de que deixaremos um legado significativo, tanto para a instituição quanto para as pessoas que terão acesso à formação profissional, receberão seu certificado e poderão ingressar no mercado de trabalho. Promovemos a inclusão social e devolvemos à sociedade um sujeito mais preparado para os desafios do mundo do trabalho e da vida em sociedade”, afirma, acrescentando que, ao conhecerem o IFF, esses estudantes podem se inspirar a dar continuidade aos seus estudos e ampliar ainda mais suas possibilidades.
Atendimento só é possível por meio das parcerias
Para concretizar a oferta das vagas e dos cursos de qualificação profissional de milhares de pessoas, um ator é fundamental: as prefeituras municipais. É o diálogo da instituição com o poder público municipal que garante a ação na prática. A prefeitura define os cursos e é responsável pela seleção dos estudantes.
“A gente apresenta um guia de cursos FIC e a equipe da prefeitura indica a demanda do município para formação e qualificação profissional”, acrescenta Saionara. É importante frisar que a articulação da EJA-EPT com os arranjos produtivos locais é chave para a inclusão desses indivíduos. Não adianta capacitar para um mercado de trabalho que não demanda.
Toda a produção de material pedagógico fica a cargo do Instituto que também garante o desenvolvimento de pesquisa aplicada em busca de inovação nas metodologias e nas políticas educacionais da EJA.
“Este planejamento em conjunto, articulado com as prefeituras municipais, observando os arranjos produtivos, sociais e culturais locais, foi fundamental para definição dos cursos a serem ofertados em cada município parceiro”, explica Guilherme Batista Gomes, coordenador-geral do Projeto no IFF.
Primeiros cursos começam em abril com 360 vagas no total
As primeiras parcerias firmadas dentro deste projeto envolvem as prefeituras de Campos dos Goytacazes, São João da Barra, Quissamã, Conceição de Macabu e Santo Antônio de Pádua. São 360 pessoas que retornarão às salas de aula a partir do dia 14 de abril de 2025 em busca de qualificação e de um futuro melhor.
Deste total, 300 irão fazer seus cursos nas dependências dos diversos campi do IFF. “Apenas em São João da Barra que as aulas irão acontecer em escolas municipais”, conta Saionara.
Além de 33 servidores técnico-administrativos envolvidos no projeto, a ação terá a participação, nesta primeira etapa, de 100 docentes selecionados por meio de edital do IFF, sendo professores da casa ou externos.
O município de São Francisco de Itabapoana já firmou parceria e, em breve, as aulas irão começar. Novas parcerias devem se concretizar para o 2º semestre com os seguintes municípios: Armação dos Búzios, Cabo Frio, Cardoso Moreira, Itaboraí, Italva, Itaperuna, Macaé, Magé, Maricá, Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia.
“Mais do que oferecer formação, o projeto reafirma o compromisso do IFF com a transformação social, abrindo portas, reconstruindo trajetórias e cultivando futuros mais justos e dignos para todos”, ressalta Saionara.
Comitê será um guarda-chuva para as ações da EJA-EPT
Com o objetivo de fortalecer e reunir todas as ações voltadas a essa modalidade, a Reitoria do IFF instituiu o Comitê da EJA-EPT. “Será um elo para troca de experiências e diálogo buscando, inclusive, ampliar as ações para todos os campi do Instituto”, explica Thatiane Medeiros, coordenadora do Comitê. “Vamos olhar para a EJA-EPT para que ela possa avançar dentro do IFF”, complementa.
Uma ação já promovida pelo Comitê foi a mudança no Processo Seletivo de Cursos Técnicos 2025 ao adotar uma nova metodologia: a realização de um sorteio público atrelado a uma reunião presencial com os candidatos inscritos, no lugar do preenchimento de questionário socioprofissional.
“Nosso objetivo é colocar a EJA-EPT em pauta. Por meio do Comitê, fortalecer, dar visibilidade e promover o diálogo, ampliando o conhecimento e a sensibilização sobre a Educação de Jovens e Adultos articulada à Educação Profissional e Tecnológica”, finaliza Thatiane.
Fonte: Ascom reitoria IFF