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Setembro Amarelo: saúde orienta sobre a importância dos cuidados com a saúde mental

Por Otávio Fonseca

Foto: Reprodução

Setembro é o mês dedicado à prevenção ao suicídio, com ações voltadas à orientação sobre a importância da saúde mental. Com isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através do Programa de Saúde Mental, reforça a importância de reconhecer os sinais de ansiedade e depressão, promover o acolhimento e a escuta ativa, e combater as desigualdades que afetam a saúde mental. A prevenção e o tratamento eficaz começam com a conscientização e o apoio contínuo a todos que enfrentam desafios psicológicos.

Segundo especialistas, a pandemia acelerou o surgimento e a intensificação de sintomas psicológicos em muitas pessoas. Cristiane, assessora chefe do programa, reflete sobre esse fenômeno. “A pandemia pode ter antecipado uma crise que talvez já estivesse se formando. Todo mundo passou por isso junto e o sofrimento veio de forma mais intensa e acelerada. É como se a pandemia fosse um catalisador para sintomas que estavam se desenvolvendo mais lentamente”, destacou.

De acordo com a psiquiatra Bruna Cirilli, o pensamento suicida é frequentemente um sintoma de uma doença mental subjacente, como a depressão. “O pensamento suicida é um sintoma de uma doença, e não o desejo de morrer. Muitas vezes, é uma tentativa de escapar de uma dor insuportável. O tratamento deve focar na doença de base, como a depressão, para aliviar a dor e, assim, reduzir o risco de pensamentos suicidas”, explicou a psiquiatra.

Cirilli também aponta que muitas vezes a dor é silenciada até que se torne insuportável. “A dor muitas vezes fica silenciada até que algo a desencadeie com uma força tão grande que a pessoa sente que não pode suportar mais. Em casos de doenças crônicas, como a depressão, é crucial tratar continuamente e não assumir que o paciente está completamente curado sem uma avaliação médica adequada”, disse Bruna.

Os sinais de sofrimento em adolescentes, segundo Cristiane, podem incluir tanto o isolamento social quanto explosões de agressividade. Ela destaca. “Os sinais de sofrimento podem ser introspecção e isolamento, ou explosões de agressividade. Além disso, há aqueles que não demonstram sinais externos, mas que estão passando por grandes dificuldades internas. É fundamental que os pais estejam atentos e façam perguntas abertas para entender o que o filho está vivendo”, alertou a Cristiane.

Com a crescente influência das redes sociais, a saúde mental dos jovens também enfrenta novos desafios. Cristiane observa que a dinâmica instantânea das redes sociais contribui para um aumento na ansiedade e na comparação social, exacerbando o sofrimento psicológico. “As redes sociais podem amplificar o bullying e a sensação de inadequação, tornando mais difícil para os adolescentes encontrar alívio do estresse”, disse Cristiane.

A psiquiatra Bruna Cirilli concorda e adiciona. “O impacto das redes sociais é profundo. Elas aumentam a insegurança e dificultam a separação entre o ambiente escolar e o pessoal. As interações e o bullying se perpetuam fora da escola, aumentando a pressão e a ansiedade dos adolescentes”, afirmou Bruna.

Mitos sobre ansiedade e depressão também são comuns. Cirilli esclarece que a ansiedade pode ser saudável e motivadora em certas situações, como esperar por um evento positivo. “No entanto, a ansiedade patológica é aquela que paralisa e impede o funcionamento normal. E, ao contrário do que muitos pensam, os medicamentos para ansiedade não causam dependência quando utilizados corretamente, mas devem sempre ser prescritos e monitorados por um médico”, destacou a psiquiatra.

A saúde mental também está intrinsecamente ligada às condições socioeconômicas. A psiquiatra Bruna Cirilli enfatiza. “Não há saúde mental sem combate à desigualdade social. O Brasil, com sua grande desigualdade, sofre com impactos diretos na saúde mental da população. A instabilidade financeira e a desigualdade são fatores que contribuem significativamente para o sofrimento psicológico”.

Cristiane complementa, destacando a importância do acolhimento. “Não só em setembro, mas durante todo o ano, devemos nos lembrar de que a escuta e o apoio são essenciais. “Tentar contra a própria vida é o ponto final de um sofrimento profundo, e muitas vezes o que precisamos é oferecer um ouvido atento e acolhedor. O apoio emocional e a disponibilidade para ouvir podem fazer uma grande diferença”, concluiu Cristiane.

A equipe do Programa Saúde Mental é composta por oito profissionais, entre eles, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e administrativo.

Fonte: Ascom Campos

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