Foram iniciadas na noite desta terça-feira (6), no Espaço Multicultural Jornalista Jorge Luiz, na sede da Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, as aulas do curso Afrocentricidade. A primeira aula foi ministrada pelo professor e doutor Jacques D’Adesky, renomado antropólogo e cientista social que levou aos participantes temas diversos como, por exemplo, o entendimento das relações históricas e contemporâneas entre África e Europa.
Nascido na África e criado na Bélgica, o professor Jacques D’Adesky é das vozes mais respeitadas quanto a estudos sobre racismo. Com formação pela Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, e doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), falou da importância do curso para ampliação das discussões sobre o racismo.
“No combate ao racismo, penso que hoje o patamar das discussões mudou. O racismo presente do cotidiano tornou-se a pauta do debate. Nesse sentido é um grande salto, que para mim é positivo”, disse ele.
Autor de seis livros, como o “Pluralismo étnico e multiculturalismo: Racismos e antirracismos no Brasil”, que foi lançado no início dos anos 2000, o professor ressalta a importância das discussões entre intelectuais e a população.
“Como era falado há 20 anos, é importante termos uma vanguarda intelectual de militantes que tenham maior conhecimento sobre essa temática. Antes, quando se falava de racismo, em determinadas áreas, era gerado um mal-estar, as pessoas ficavam silenciosas, como nas famílias pobres, por exemplo. Hoje, é importante que os militantes, os intelectuais e os universitários negros se debrucem sobre essa temática para que possamos ir avante e mudar o país”, concluiu.
Werlem de Oliveira, servidora municipal, foi uma das participantes do primeiro dia do curso. Ela pontuou que a aula serviu para expandir as discussões sobre o preconceito e a demonização da cultura africana.
“Tudo que se trata de África tem um aspecto inferior pelas pessoas. Eu acho importante esse tipo de evento para que as pessoas respeitem a história desse continente, que é rico em danças, culinária, vestimentas, entre outras coisas boas. Outros continentes têm coisas ruins, mas esses pontos acabam prevalecendo quando é no africano. Esse curso nos faz pensar em tudo isso”, disse.
O subsecretário de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gilberto Totinho, explicou que o curso Afrocentricidade, bem como toda a programação do Novembro Negro, fazem parte das ações da SIRDH em promover discussões dentro da pauta racial. Ele pontua ainda que as atividades que são realizadas durante todo o ano, como oferta de cursos de geração de renda para a população negra, acontecem também com a orientação do prefeito Wladimir Garotinho.
“A ideia do curso é promover uma maior qualificação e trazer uma visão afrocentrada para a gente enfrentar o racismo e todas as formas de violação de direitos da população negra. O prefeito, quando nos orienta que temos que trazer cursos formativos para a rede e para a comunidade, como já trouxemos vários cursos de geração de renda rápida, dá possibilidade para aquelas pessoas que talvez não tivessem a oportunidade de participar de uma aula com professores tão renomados, como tivemos hoje e teremos até o final do mês”, explicou.
O curso Afrocentricidade vai acontecer até o final deste mês, com aulas às terças e quintas-feiras, com a participação de figuras de destaque na história acadêmica brasileira e combate ao racismo, como Helena Theodoro, Renato Noguera, Ivanir dos Santos, Mariana Gino, entre outras.
Todas as vagas do curso já foram preenchidas, mas o Novembro Negro, evento pelo mês da consciência negra e discussões dentro da pauta racial, está com a programação recheada. No dia 20, Dia da Consciência Negra, a SIRDH vai promover um desfile afro, musicais, apresentações de dança, palestras, homenagens e entrega de certificados. Além de todas essas atividades, oficinas multiculturais estão sendo realizadas desde outubro, como capoeira, jongo, dança afro, oficina de turbantes, danças urbanas e danças dos orixás.
Fonte: PMCG