Incertezas fazem Firjan projetar crescimento da economia fluminense em 2,6%, em 2025

Análise da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro confirmou bom desempenho da economia estadual em 2024, com crescimento de 3,9%, superando marca nacional

Por Rodolfo Augusto

Foto: Domingos Peixoto

O Produto Interno Bruto (PIB) do estado do Rio de Janeiro avançou 0,6% no quarto trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, ajustado sazonalmente. Com isso, a economia fluminense encerrou 2024 com crescimento de 3,9%, superando a média nacional de 3,4%. Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 1,3 trilhões. A análise é da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

O desempenho marca o quarto crescimento consecutivo no comparativo anual, um feito significativo para a economia do Rio, especialmente após uma década de retração, quando o PIB acumulou queda de 5,4%. Esse crescimento representa um passo importante para o fortalecimento da economia fluminense.

Para 2025, as análises da federação projetam um crescimento de 2,6% para economia fluminense, mesmo com as incertezas nacionais e internacionais. Consideramos que a cadeia do petróleo e as obras de infraestrutura, como os projetos habitacionais, seguem oferecendo perspectivas positivas, atenuando os impactos de um cenário adverso”, avalia o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Setor de Serviços impulsionou

crescimento em 2024

Entre os setores, o de serviços, que representa cerca de 51% do PIB fluminense, foi o principal impulsionador do crescimento de 2024, com alta de 4,3%. Esse dinamismo foi favorecido pelo aumento da renda real e por um mercado de trabalho robusto – após nove anos, a taxa de desemprego voltou a ficar abaixo de 10%, encerrando 2024 em 8,2%. Além disso, a expansão do turismo e do comércio também contribuiu para o crescimento do setor.

“Já a indústria fluminense teve a segunda maior contribuição positiva, com elevação de 2,7% em 2024. Esse crescimento resultou de um aumento da produção em todos os segmentos industriais”, apontou o economista-chefe da Firjan, Jonathas Goulart.

Entre os setores da indústria, o segmento extrativo registrou crescimento de 2,1% no ano de 2024 – desaceleração em relação a taxa registrada em 2023, de 8,3%. A manutenção do nível elevado de produção de óleo e gás aconteceu mesmo diante das interrupções programadas e não programadas nas plataformas, que impactaram principalmente o segundo semestre de 2024.

A indústria de transformação teve um crescimento de 4,4% no ano de 2024, contribuindo para um crescimento mais disseminado entre os ramos do setor. Os segmentos de automotivo, de fabricação de produtos químicos e de atividades de manutenção e instalação de máquinas e equipamentos foram os motores de crescimento da indústria fluminense no ano. O desempenho positivo ocorreu mesmo diante de um ambiente desafiador imposto pela taxa de juros elevada ao longo de 2024, que encareceu o crédito e restringiu os investimentos.

A indústria da construção registrou crescimento de 4,7% em 2024. No período, o setor continuou sendo beneficiado por investimentos em obras de infraestrutura que ganharam força com o programa do Novo PAC. O bom momento do setor se refletiu no mercado de trabalho, que registrou a criação de 12 mil postos de trabalho, representando cerca de 36% das contratações realizadas pelo setor industrial no ano.

Em 2025, incertezas dominam

cenários nacional e internacional

A economia brasileira ainda enfrentará desafios significativos em 2025 devido à continuidade de um cenário nacional e internacional instáveis. As incertezas sobre a política econômica nacional e as condições externas tornam a previsão de crescimento para a atividade fluminense mais complexa. Analisar o desempenho da economia do estado requer atenção às forças e fraquezas que poderão impactar diretamente os setores econômicos e as expectativas para o ano.

No cenário nacional, o patamar elevado da taxa de juros é um fator limitador ao crescimento consistente da economia brasileira. A política monetária restritiva, implementada para combater a inflação, limita a capacidade de expansão da indústria, principalmente a de transformação, que já enfrenta um ambiente de perda de confiança dos empresários e baixa competitividade.

Nesse contexto, o mercado de trabalho deve apresentar sinais de desaceleração. Além disso, o equilíbrio fiscal segue sendo um ponto de atenção, com a necessidade de ajustes nas contas públicas e um maior comprometimento com a sustentabilidade da dívida pública para evitar a elevação do risco país. “O ano de 2025 é ainda mais desafiador, pois, anos pré-eleitorais costumam ser marcados por medidas que podem comprometer a credibilidade fiscal, intensificar pressões inflacionárias e dificultar a redução da taxa de juros”, afirma o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

No âmbito internacional, o cenário global para 2025 segue envolto em incertezas. Nos Estados Unidos, a adoção de uma postura mais protecionista pelo novo governo pode intensificar tensões comerciais e afetar as projeções de crescimento. A relação entre China e EUA segue como um ponto de tensão, e uma eventual guerra comercial pode gerar consequências para as economias de todo o mundo, inclusive para o Brasil.

“A desaceleração econômica da China também é uma preocupação, já que o país é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Por outro lado, a recuperação da economia argentina oferece algumas perspectivas positivas, com a adoção de medidas fiscais que devem impulsionar o crescimento no país e beneficiar o comércio com o Brasil e o Rio de Janeiro”, alerta Jonathas Goulart.

A projeção para o setor de serviços do estado do Rio de Janeiro em 2025 é de um crescimento de 1,8%. O nível elevado da taxa de juros e a queda na concessão de crédito devem reduzir o ritmo de expansão do setor, principalmente em segmentos mais dependentes de financiamento. Por outro lado, a agenda de eventos prevista para 2025, com grandes atrações internacionais e iniciativas de turismo, deve impulsionar significativamente o setor de Serviços. Com isso, espera-se que o setor fluminense se aproxime do nível máximo já atingido em 2014.

Construção civil e óleo e gás devem impulsionar

o crescimento do PIB fluminense neste ano

Dentre os segmentos da indústria, o setor de óleo e gás deve impulsionar a economia fluminense em 2025. A expectativa é que a indústria extrativa encerre o ano com uma taxa de crescimento de 3,8%. A entrada em operação de novas plataformas de petróleo deve garantir o nível elevado da produção do segmento.

O setor de construção também deve exercer uma influência significativa para o crescimento da indústria do estado do Rio de Janeiro nesse ano. A Firjan projeta um crescimento de 4,8% para o setor em 2025, influenciado por projetos de investimentos em obras e infraestrutura. No entanto, o cenário de juros em níveis elevados e a escassez de mão de obra pode limitar o crescimento do setor em 2025.

A indústria de transformação do estado do Rio de Janeiro deve crescer 3,7% em 2025 liderada pelo segmento de derivado de petróleo, que tem elevada sinergia com a indústria extrativa. A indústria automotiva também deve contribuir para o crescimento, com apoio da demanda reprimida por automotores e da previsão de safra recorde no país, que tende a manter elevados os níveis de produção de veículos pesados.

Ainda assim, o ambiente financeiro restritivo e a concorrência com automóveis elétricos chineses seguem como obstáculo para uma recuperação mais ampla e consistente deste segmento. Em um cenário ainda marcado por juros elevados, esses segmentos se destacam como os vetores de crescimento da indústria de transformação fluminense, compensando a perda de dinamismo em outros ramos mais sensíveis ao custo do crédito.

O estudo “Rio de Janeiro: Resultados e perspectivas para o PIB” pode ser acessado através deste link: www.firjan.com.br/pib

Fonte: Firjan Assessorias de imprensa de Norte e Noroeste Fluminense 

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