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Governo Lula está “muito lento” e “medroso”, diz líder do MST em entrevista

Na mira da CPI do MST, Stedile disse que o presidente errou ao acusar o movimento de invadir terras

Por Lyandra Alves

Foto: Reprodução

Para o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, o governo Lula tem sido “muito lento” e “medroso” para cumprir promessas de campanha no campo social. A afirmação foi dada à coluna do jornalista Guilherme Amado, no Portal Metrópoles. Na mira da CPI do MST, Stedile disse que o presidente errou ao acusar o movimento de invadir terras.

“Na política interna, o governo está muito lento, lerdo. Me atrevo a dizer, em algumas áreas, até medroso. Até agora nenhuma família foi assentada. Para um governo nosso, seis meses é muito tempo para não ter nenhuma solução objetiva. As famílias da nossa base não querem saber se o MST é amigo do Lula ou não, mas quando vão resolver o problema da terra”, afirmou Stedile, reforçando que o movimento deu todo o apoio ao petista contra Jair Bolsonaro.

Stedile foi convocado para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST. O depoimento está agendado para o mês de agosto e Stedile expressou suas opiniões sobre a comissão, alegando que ela conta com membros de extrema direita e ganhou força devido à falta de habilidade do governo Lula em lidar com o Congresso.

Além de mencionar os pedidos do MST que não foram atendidos, Stedile também expressou sua insatisfação com a forma como o governo Lula tem tratado publicamente o movimento. Ele destacou que o MST não realiza invasões de terras, mas sim ocupações.

“Foi um equívoco do presidente Lula voltar a usar a palavra ‘invasão’. Invasão é quando uma pessoa invade uma propriedade alheia para se apropriar daquele bem. O Código Penal classifica como esbulho de um bem. Já a ocupação, quando realizada por movimento popular, é uma forma de luta para chamar a atenção do governo para cumprir o que está na Constituição, que é clara: toda grande propriedade improdutiva deve ser desapropriada pelo governo, com pagamento aos proprietários, e distribuída aos trabalhadores sem-terra.”

Para o economista e ativista, Lula e ministros responderam mal às ações do MST no primeiro semestre de governo.

“O governo reagiu mal às duas ocupações, na nossa jornada em abril. Se há um decreto presidencial, assinado pelo FHC, declarando que 17 de abril é Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, o que se espera que as pessoas façam? Fiquem em casa dormindo? Então seria o dia do sono profundo da reforma agrária. É óbvio que haveria mobilizações de todo o tipo”, disse.

*Com informações de Metrópoles

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