O empreendedorismo negro ganha destaque no Estado do Rio de Janeiro, onde os donos de pequenos negócios negros representam a maioria, de acordo com um levantamento realizado pelo Sebrae Rio, com base nos dados da Pnad-C do terceiro trimestre de 2023. Nesse contexto, o Sebrae está oferecendo uma capacitação gratuita voltada para negócios afro-brasileiros, buscando impulsionar a cultura e a inserção social desses empreendedores.
Segundo os dados levantados, 51,4% dos donos de pequenos negócios no estado são negros, totalizando 800 mil homens e 420 mil mulheres. Por sua vez, os donos de negócios brancos representam 47,9%, somando 685 mil homens e 450 mil mulheres. As demais raças e cores correspondem a 0,7% dos proprietários de pequenos negócios no Rio de Janeiro.
No entanto, as oportunidades nem sempre são igualmente distribuídas. Enquanto 42,7% dos donos de pequenos negócios brancos possuem ensino superior, apenas 17,6% dos donos de negócios negros têm a mesma formação. Essa diferença reflete diretamente nos salários, uma vez que 76% dos empreendedores negros ganham até 2 salários-mínimos.
Dilma Nascimento, também conhecida como Dida, é uma dessas empreendedoras negras que buscou independência financeira por meio de seu negócio próprio. Há oito anos, ela abriu o Dida Bar e Restaurante, focado na gastronomia africana. Apesar dos desafios enfrentados durante a pandemia, Dida manteve 100% dos empregos em sua empresa, buscando inovação e adaptação para superar as dificuldades.
“Sempre pensei em abrir meu próprio negócio. Quando me aposentei, conversei com os meus filhos e criamos nossa empresa, voltada para a gastronomia africana. O sucesso veio da inovação de valorizar a cultura da África, com música ao vivo. Mesmo com todo o planejamento da empresa, nosso plano de negócios passou por uma séria crise por conta da pandemia, e até hoje temos reflexo disso. Tenho orgulho de manter 100% dos empregos da minha empresa. Tivemos que inovar no período. Hoje, mantenho meus 15 funcionários. Somos apaixonados pelo que fazemos. É importante que o empreendedor busque capacitações, tenha fluxo de caixa, conheça bem o seu produto”, comenta a empresária.
Além de sua formação superior, Dida faz parte dos 7% dos empreendedores negros que empregam no estado do Rio de Janeiro. A proporção de empregadores é maior entre os donos de pequenos negócios brancos, correspondendo a 15%. Essa diferença também se reflete na informalidade, em que 75% dos negros possuem negócios informais, enquanto 62% dos donos de pequenos negócios brancos estão na mesma situação.
Guilherme Allan, analista do Sebrae Rio, destaca a importância de buscar capacitação e planejamento para os empreendedores negros, ressaltando que o empreendedorismo negro no Brasil tem raízes históricas desde o período colonial. No Rio de Janeiro, os donos de pequenos negócios negros estão presentes nos setores de serviços (55%), comércio (20%), construção (17%), indústria (7%) e agropecuária (2%).
“O empreendedorismo negro é histórico no Brasil, vem desde o período colonial com as escravas de ganho ou ganhadeiras, como também são conhecidas. Ainda hoje, as pesquisam apontam que a maioria das pessoas negras começam a empreender por necessidade, por isso, é importante buscar capacitação e pensar no planejamento do negócio”, explica Guilherme Allan.
Para impulsionar ainda mais o empreendedorismo afro-brasileiro, o Sebrae Rio está selecionando 50 empresários que promovam a cultura afro-brasileira para participarem de capacitações gratuitas. Essas capacitações abordarão temas como planejamento, finanças, desenvolvimento de redes e acesso a mercado.
As inscrições podem ser feitas até o dia 11 de agosto por AQUI.
Com essa iniciativa, o Sebrae Rio busca contribuir para a capacitação e fortalecimento dos negócios afro-brasileiros, incentivando a independência financeira e a promoção da cultura afro no Estado do Rio de Janeiro.
Fonte: Ascom Sebrae Rio